Sentada na Pia

Porque esse poderá ser o último recurso de um pai e uma mãe de primeira viagem na Coreia do Sul…

Paixāo azul

– Filha, sua chupeta quebrou.

– Quebô?

– Sim, quebrou. Vamos jogá-la no lixo?

– Nāo!!!!!

– Mas ela estragou, Beatriz. Olha só, toda quebrada.

– Quebô.

– Sim, quebrou. Vamos até o lixo e eu te ajudo a falar tchau-tchau para ela.

– … *chup-chup-chup*

 

E, orgulhosamente apresento, a filha que irá se auto-deschupetar por conta própria. Ou, melhor, apresent0-lhes a dita responsável:

Bye-bye, baby, bye-bye...

 

(Obrigada pela paciência, queridos amigos e leitores! A gente vai e volta. É a vida!)

28/03/2012 Posted by | Beatriz, diário, Esquisitices | 4 Comentários

Rinoplastia com beijinho

Hoje é um daqueles dias em que se alguém vir com aquele papo de que ficar em casa cuidando de criança é moleza, leva um murro na fuça. Um só, prá desfigurar.

E eu mereço um potinho de flocos de côco com leite condensado.

16/06/2011 Posted by | colcha de retalhos, diário | 9 Comentários

Esquisitices

Como já dizia um velho amigo meu, filósofo de bar: o ser humano é engraçado. E eu emendo com: e esquisito. E no quesito esquisitices, a Beatriz vem dando um show. A começar pela predileção a pepino e cenoura crua, e ojeriza a qualquer coisa doce, ela nos presenteia com coisas do arco da velha. Esse é o primeiro post de uma série que virá.

Beatriz há muito dá sinais de que é filha do pai dela. Ultimamente deixa claro que portas TEM que estar fechadas (achamos que é o Exu Tranca-Portas que entra em ação), e tudo organizado nos mínimos detalhes. Tudo. Nos mínimos. Detalhes.

Um dia desses, na cozinha, pedi para a Filhota me ajudar “arrumando” as latas de refrigerante que compramos no dia anterior. De costas para ela, enquanto cozinhava, não sabia ao certo o que ela estava fazendo com as latas.

The truth is out there...

Ela não me disse, mas tudo indica que a disposição das latas tinha alguma coisa a ver com telepatia alienígena…

15/06/2011 Posted by | Esquisitices | 5 Comentários

Já tá craque

Passo 1: ataque

Passo 2: habilidade

Passo 3: NHAC!

11/04/2011 Posted by | Beatriz, fotinhas | 9 Comentários

Bochechuda…

... e cabeluda, né? Tá na hora de tirar essa franja do meu olho!

04/04/2011 Posted by | Beatriz, fotinhas | 8 Comentários

O teste

Um dia desses, na sala de reabilitação do hospital da coluna, aqui em Seul:

– Agora sobre aqui nessa balança.

– Ok. Segura os pauzinhos?

– Não, ainda não. Agora não se mexe.

Bzzzzzzzzzzzzzzzbzzzzzzzzzzzzzzzzzbzzzzzzzzzzzzz

– Ok, agora segura os pauzinhos. E não se mexe.

Bzzzzzzzzzzzzzzzzbzzzzzzzzzzzzzzzzzzbzzzzzzzzzzzzzzzzzbzzzzzzzzzzzzzzzbzzzzzzz

– Ok, pode sair da balança. Vou imprimir o resultado. Senta lá na mesa que eu já vou.

Trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr trrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr trrrrrrrrrrr trrrrrrrrrrrrr

– Olha, Selma, o resultado da sua impedância não está tão ruim. O condicionamento físico está bom, mas sua musculatura está desbalanceada.

– Desbalanceada? Você quer dizer que meu corpo está desproporcional?

– Hihihi (risada nervosa)… É, mais ou menos isso. A parte superior do seu corpo está super-forte. Alguma razão para isso?

– Ô, Dna Fisioterapeuta, cê se esqueceu que eu te disse que tenho uma filha de 2 anos?

– Ah, é…

– Que mais?

– Bom, e seu tronco e suas pernas estão dentro dos padrões, mas fora de balanço com seus braços, costas e ombros.

– E considerando que eu não tenho como diminuir minha parte superior, tenho que fortalecer o que está mais fraco, e ficar super-mega-forte-tudo-acima-dos-padrões?

– Sim. E tem mais uma coisa.

– Ai…

– O índice de cintura-quadril está bem ruim. Precisa diminuir muito. Está bem acima do limite superior.

– Ai…

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Chegando em casa, jogo no Google a droga do índice cintura-quadril. Descubro que meu índice está dentro dos padrões normais.

Para um homem.

Minha relação cintura-quadril atual é de um homem.

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Resolvi mandar um e-mail para a Madrasta Mãe-Natureza:

Prezada Mãe Natureza,

Tenho percebido que ultimamente meu corpo tem passado por transformações estranhas. Enquanto eu amamentava, a coisa estava muito melhor do que agora. Mas, de uns tempos para cá, ganhei um tronco superior digno de qualquer remador da Raia Olímpica da USP, e um pneu de caminhão na cintura.

Agradeço antecipadamente sua resposta e elucidação deste problema.

Sua Filha,

Selma

Essa Mãe Natureza deve ter um SAC gigantesco, porque a resposta veio rapidinho:

Querida Filha,

Entenda bem: meu trabalho com você está completo. Esqueça o corpo de violão. Você já procriou. Já pariu. Agora, se vira.

Com muito carinho daquela que te ama,

Mãe Natureza

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É impressão minha ou eu tô virando o meu pai?????

04/04/2011 Posted by | colcha de retalhos, Nervoso | 7 Comentários

Sobre crianças, baratas e ovos com pelo*

Eu sempre tive medo e nojo de barata. Não tenho a menor idéia do por quê. Mas, se todo mundo tem, porque eu não teria? E morar no Brasil é aquela velha estória: a cada 50 metros uma tampa de bueiro, e debaixo daquela tampa é melhor nem saber. Mas a gente sabe bem, principalmente no verão. E no abençoado verão, as visitas cascudas aconteciam pelo menos umas duas vezes por semana. Me lembro de uma voadora, gigante, que entrou em casa bem na véspera de Natal. Mesa posta e a cascuda nojenta sobrevoando sobre o bacalhau. E das inúmeras que eu encontrava no quarto, na hora de dormir. Era ela, ou eu. E o meu pai, de chinelo na mão, virava o Sassá Mutema lá de casa.

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E um belo dia, sozinha em casa enquanto tomava banho, me deparo com uma barata subindo pelo vidro do box. Em uma fração de segundo, raciocinei que não adiantava gritar, pois Sassá não estava em casa; ou esperá-lo, porque havia o risco da bicha vir prá cima de mim. Então, tive que agir. Peguei o rodo, espantei ela prá fora da área do chuveiro, desliguei a água, me sequei e fui prá briga. Matei minha primeira barata. O medo se foi, só ficou o nojo.

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Então, depois de um hiato temporal de vinte anos desde a estória da barata, engravidei, comprei aquele monte de livros e passei a me munir de toda e qualquer informação sobre barrigas, crias, tetas e excreções. Úteis e inúteis.

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E ontem, Beatriz completou 26 meses. Não tem como não ter vontade de apertar e beijar o tempo todo! Gosta de dar e receber carinho. Distribui beijos, abraços, e vem para o colo para ganhá-los também.

E, durante esses 26 meses, ela sempre foi um pouco diferente das outras crianças da mesma idade. Beatriz, desde que nasceu, deixou a mãe-nerd-rodeada-de-livros-por-todos-os-lados com os cabelos em pé, e depois no ralo do chuveiro. Beatriz nunca conseguiu rolar de um lado para o outro até que não começou a andar. Engatinhou com 11 meses, andou com 18. Até hoje não conseguiu firmar o andar. Quando corre é meio desengonçada. E não consegue subir degraus com a desenvoltura padrão da idade dela. Adora pular, mas não sabe como fazê-lo. Na semana passada me cortou o coração de vê-la tentar, tentar, tentar, sem conseguir (e começamos a ensiná-la os princípios básicos do salto, para que treine…). Nunca seguiu os padrões médios de crescimento (apesar de nunca deixar de ter crescido e engordado) pelos primeiros 18 meses. E pouco fala. Somente agora é que a língua começou a desenrolar, parte da culpa pela exposição a três línguas diferentes. Ao invés de já formar frases inteligíveis, balbucia suas primeiras palavras como crianças de um ano e pouco.

Seu desenvolvimento motor amplo sempre foi lento. E ela é assim. Talvez eu também tenha sido assim. Tudo obedece ao desenvolvimento do sistema nervoso. E é assim. Mas a cabeça da gente nem sempre é assim, tão simplista e sensata.

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E quando a gente resolve sair do ninho dos pais para morar sozinha, outras coisas além de barata no chuveiro aparecem. Um dia a torneira quebra; no outro, o ralo entope; ou a lâmpada queima. E a gente se mune de algo mais do que um rodo para esmagar uma barata no chuveiro, porque a gente cresce e vira nosso próprio Sassá Mutema.

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Ser mãe e pai é enfrentar um exército de baratas todos os dias. Com depressão pós-parto e falta de experiência, as baratas se tornam um tanto quanto avantajadas. E ser mãe e pai em uma terra distante e diferente, exige que a gente faça doutorado em Sassá Mutemês. Porque não adianta gritar, chorar ou pedir para alguém matar a barata, é o tal do “não tem tu vai tu mesmo”. Há dias em que a gente mata a barata, há outros em que a gente abre a porta e torce para que ela vá embora. E há outros em que a gente ignora a baratilda e passa a conviver com a cascuda como se fosse parte da família.

Os módulos “pânico” e “neurose” precisam ser desligados. Não tem telefone de pediatra prá ligar no meio da noite, e correr para PS é enfrentar um monte de gente que não fala nem gudi mornim. Restam somente os tais livros, uma internet cheia de bobagens. Aliás, jogar no Google a combinação perfeita das palavras-chave do que se procura é pedir para que o resultado seja um ovo peludo, saído direto do ninho de mafagafos. Sim, nem sempre a gente consegue manter o equilíbrio. Vira e mexe aparece um ovo peludo na nossa frente para ligar o alarme. Mas não há espaço ou tempo para desequilíbrio.

Porque, em terra distante onde nem o vento chega, todo minuto de lucidez é precioso.

*Este post é dedicado a toda mãe e pai que, longe ou perto de casa, enfrentam seu exército pessoal de baratas todos os dias. A todos vocês, o meu mais profundo respeito.

01/04/2011 Posted by | Beatriz, colcha de retalhos, dessa água eu não bebo: eu como com farinha | 17 Comentários

Scanners

Há um mês levei a Beatriz ao hospital para tomar a vacina da encefalite japonesa, doença endêmica da Ásia. Já saí de casa no espírito de aguentar o piti na sala do Dr. Yu, nosso médico da família. E de quebra levei o iTouch com todos os desenhos preferidos dela, só prá dar aquele escarambolô básico na atenção da Pequena dentro do consultório durante o exame que dura 30 segundos (mas que parece uma eternidade quando os decibéis atingem níveis insuportáveis até para médicos experientes).

Tudo ocorreu conforme programado: Beatriz com iTouch na mão e Pocoyo na tela, Dr. Yu fazendo malabarismos para auscultar/medir temperatura/checar garganta, ela meio berrando meio não querendo perder a sequência do desenho. Trinta segundos depois, tudo certo e à caminho da sala de injeção.

Beatriz tem medo do Dr. Yu, mas não da enfermeira que aplica a vacina. Ela deu um grito meio chororento, mais reclamando por ter sido brutalmente interrompida enquanto assistia ao Pateta jogando baseball do que por ter levado uma picada no braço. Mais uma missão cumprida.

Mas, antes de sair do consultório do Dr. Yu, ele diz:

– Quiero ver-la en el próximo Jueves, para la vacuna de hepatite A. *

Tá bien, tá bien… que sea…

Em uma semana voltamos ao hospital. Beatriz saiu de casa serelepe mas murchou quando chegamos à sala de espera do Dr. Yu. Ela sabia aonde estava. Nem o iTouch estava dando conta.

Em alguns minutos, entramos para o check-up pré-vacina.

Dr. Yu enfiou o termômetro no ouvido dela, enquanto eu cantava uma música para que EU me distraísse do berreiro.

– Tiene fiebre…

– Hã??? Febre, Dr. Yu? Tá lôco, é?

– Si, tiene fiebre. A ver… si, tiene fiebre.

– Mas não pode ser, ela não tem nada! Está comendo como um touro, e até a pouco, antes de sair de casa, estava brincando toda feliz.

– Pero tiene fiebre… A ver la garganta… Si, está um poco inflamada. Vacuna solamente el próximo Jueves.

E passa aquela lista de remédios para febre, inflamação, bla bla blá.

Saio do hospital carregando aquele saco de batatas, quase desfalecendo de tão mole. Comprei todos os remédios da farmácia. Mas tinha que ir ao mercado comprar algumas coisas que eu precisava, então voamos para lá. Voei fazendo as compras para chegar logo em casa e medicá-la. Ela estava pegando fogo, e eu não acreditava em como a coisa tinha se desenvolvido. Saímos do supermercado, ela chorando muito. Até que quando entramos na avenida principal que leva à nossa casa, algo aconteceu: ela levantou a cabeça para checar aonde estávamos e a sua feição mudou completamente. Quando viu que subíamos o morro que leva ao condomínio, ela colocou um belo sorriso nos lábios. Entramos em casa, e já sem sapatos ela saiu correndo em direção aos brinquedos.

Vou atrás do termômetro, e… 36.2C. Cadê a febre que estava aqui? Essa droga já quebrou, pensei. Testei em mim. 36.5C. Bom, funcionando está, talvez tenha sido o cabelo na testa. Meço novamente. 36 e alguma coisa. De novo. 36 e alguma coisa de novo. Ponho a mão na testa, no corpo, na mão, todos os lugares que antes estavam fervendo. Nada.

Passo a tarde monitorando a Pequena, imaginando uma infecção bacteriana que brinca de oscilar a temperatura enquanto age na surdina. Nada nada naaaaaaaaaaaada.

Sim, amigos leitores. Beatriz serviu-se daquela parte do cérebro de achamos que não serve para nada, elevou sua temperatura corporal e fugiu da raia.

Não acredita?

Pois, na quinta-feira seguinte, dia suposto a tomar a primeira dose da hepatite A, ela não quis sair de casa de jeito nenhum. Travava os braços para não tirar o pijama, fugia na hora de trocar a fralda. Até joguei baixo, dizendo que iríamos passear.

Passamos aquela quinta-feira dentro de casa.

Primeira dose de hepatite A, só no mês que vem…

Scanners… Medo…

*Sim, Dr. Yu é fluente em espanhol, pelos anos de missão nas minas de cobre no Peru. E além de médico da família, é diplomata coreano.

29/03/2011 Posted by | Beatriz, Esquema | 7 Comentários

Dá licença, eu sou pai!

Apoiando a campanha nacional pela extensão da licença paternidade. O benefício é de todos nós!

Ajude também divulgando em seu blog ou rede social!

23/02/2011 Posted by | Nota 10! | 3 Comentários

Parabéns, Beatriz!

Dia 29, 2 aninhos. Parabéns, filhota!

30/01/2011 Posted by | Beatriz, diário, fotinhas | 14 Comentários